domingo, 25 de março de 2018

Recompõe-te

 

Visto-me. Inspiro e expiro. Vivo. Sem pressas e sem ''ses''. Vivo com tudo. Com todas as células, com todas as sensações. Com tudo o que tenho e que não tenho. Como se nunca tivesse vivido e porque nunca é tarde demais para viver.
Visto-me. Inspiro e expiro. Porque o que pode parecer tarde para ti, pode ser renascer para mim. O que pode parecer o fim de um ciclo, pode ser o inicio dele. O que pode parecer insuportável para ti, pode ser aquilo que muitos suportaram. O que não implica que não seja mais insuportável. Mas será que aquilo que se consegue suportar insuportavelmente deixa de ser insuportável por si só? É tudo uma questão de palavras. O dilema está nos significados. Banhados em ambiguidade. O vocabulário por si só é um poço de mentiras e incertezas.
Visto-me. Inspiro e expiro. Rio-me num esgar de loucura - tudo isto é uma loucura. Ah, e vai haver uma fase na vida em que ''Recompõe-te'' vai ser o que mais vais ouvir na tua cabeça. A toda a hora. - Mais uma daquelas palavras que deviam ser erradicadas do dicionário. 
Visto-me. Inspiro e expiro. Porque ninguém se ''re'' compõe, porque nada é criado duas vezes da mesma forma. Tudo é diferente e singular. A musica pode ser composta apenas uma vez, mas pode ser tocada várias vezes. E várias vezes tocada a mesma musica e em todas elas diferente. Única. 
Visto-me. Inspiro e expiro. Vivo. Sem pressas e sem ''ses''. Porque todas as criações são obras de arte. Porque todos os dias em que acordar serei uma nova versão e não uma recomposição. Por isso cria-te. Sê. Sê todos os dias irrepetivelmente aquilo que és.



1 comentário:

disse...

que vivas sempre com a sensação de que o fim pode ser um início, porque é isso que nos faz sorrir perante a tempestade:)